A penúltima parada da viagem de três meses que fiz pela Europa em 2012 foi o sul da França. Depois de passar uns dias em Nice, resolvi conhecer Marselha – o objetivo: ver as famosas calanques de perto.
É claro que Marselha – a cidade mais antiga da França e a segunda maior do país – oferece aos turistas muito mais do que as calanques: vistas lindas a partir da catedral Notre Dame de la Garde, o bonito e movimentado Vieux Port, repleto de restaurantes e cafés ao redor, o Chateau d’If, as praias, os perfumados sabonetes, a bouillabaisse (uma espécie de ensopado de peixe típico da região), enfim… Mas visitar as calanques é, na minha opinião, passeio obrigatório para quem vai a Marselha.
As calanques são, basicamente, fiordes – ou falésias – formados por rocha calcária. Essas formações rochosas estendem-se ao longo do litoral da região de Marselha; em 2012, foi criado o Parque Nacional das Calanques. Há pelo menos três modos de visitá-las: fazendo um passeio de barco, percorrendo as trilhas do parque ou, ainda, de bicicleta.
Eu, que sou um tanto preguiçosa, optei pelo passeio de barco: pela manhã, fui ao Vieux Port e, em frente à prefeitura, encontrei um ponto de venda de ingressos. À época, o porto estava sendo reformado e nada estava em seu devido lugar; fui no primeiro quiosque que encontrei e comprei um ticket para o passeio completo, que dura um pouco mais de 3 horas e percorre 12 calanques entre Marselha e Cassis.
A embarcação não era muito grande; havia dois andares, com uma parte interna e outra externa no andar inferior e um deck no superior. Quando entrei, decidi ficar na parte externa do andar inferior, mas bastou andar um pouquinho pra eu mudar de ideia: o Mistral, vento típico da região, soprava forte e deixava o mar agitado. Resultado: em pouco tempo o lugar estava completamente molhado. Assim, fui para o deck na parte superior. Mesmo assim, a água “respingava” um pouquinho e, graças ao vento, o barco balançava bastante. Quando a embarcação se afastou um pouco da costa, o mar ficou mais tranquilo e foi possível aproveitar melhor o passeio. A dica é: se estiver ventando muito, pense duas vezes antes de embarcar. Em certos momentos pensei que o barco não aguentaria.
O “guia” da embarcação explicava, ao longo do percurso, um pouco sobre as calanques e sobre os pontos de interesse por que passávamos. A explicação, no entanto, era em francês – vale consultar sobre a existência de passeios guiados em outras línguas. A partir da embarcação é possível avistar pontos turísticos importantes de Marselha, como a Cité Radieuse, obra do arquiteto suíço Le Corbusier, e o Château d’If, uma antiga prisão situada em uma ilha costeira, imortalizada no clássico “O Conde de Monte Cristo”, de Alexandre Dumas.
Mas o que mais impressiona são mesmo as calanques: ver aquelas formações rochosas branquinhas no meio daquele mar azul intenso é demais. A vista fica mais bonita ainda quando se chega às baías formadas pelas rochas, onde a água assume um tom azul turquesa inacreditável.
Não era permitido aos passageiros deixar a embarcação para entrar na água. Não sei se há alguma que permita. Ainda que houvesse essa possibilidade, eu provavelmente não encararia o desafio: embora fosse junho e o dia estivesse ensolarado, o vento era bastante frio.
Acredito que, para aqueles que pretendem entrar na água e explorar melhor as calanques, o ideal seja percorrer as trilhas do parque. Pelo que já li por aí, a tarefa exige um tanto de disposição, mas a vista compensa. Pra quem tiver interesse, indico o seguinte post do blog Destino Provence, que explica com detalhes como visitar algumas das calanques (a propósito: elas têm nome, como bem indica o post sugerido – desculpem a falha, mas eu já não lembro do nome de nenhuma delas): http://www.destinoprovence.com/2013/08/parque-natural-das-calanques-paraiso-no.html
Pra quem se interessa em visitar as calanques de bicicleta, indico o seguinte post do Conexão Paris: http://www.conexaoparis.com.br/2014/05/26/um-passeio-de-bike-pelas-calanques-de-marseille/
Independentemente do meio escolhido, a dica é uma só: visite as calanques. A vista compensa qualquer esforço (e qualquer banho involuntário de mar!).
Uma última dica: pra quem deseja visitar o Château d’If, o blog Destino Provence tem um post interessante: http://www.destinoprovence.com/2013/01/marseille-chateau-dif-frioul.html. Eu, infelizmente, não fiz esse passeio – e, por isso, tenho uma bela desculpa para voltar a Marselha. 😉
P.s.: em Marselha, fiquei hospedada no hostel Vertigo Vieux-Port – bem novinho, bem localizado e perfeito pra quem não quer muita agitação.